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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Mahellquexe

Hoje vou falar de uma experiência de três intermináveis dias no calor escaldante de 48°C em Marraquexe.

Chegar em Marraquexe foi uma sensação diferente, misto de curiosidade e medo. No aeroporto decidimos ir de táxi até o nosso "riad" (hotel) que era dentro da Medina. O nosso táxi era um carro caindo aos pedaços, o motorista usava aquele turbante na cabeça e não nos disse uma única palavra o trajeto todo (aí tu vai me dizer, tá mas é que ele não devia falar português, inglês, tu tá exigindo muito de taxista, não??) Nãaaao...esse povo é  muito  poliglota, não há língua que seja uma barreira pra eles, eles sabem pedir dinheiro no idioma que for. Bem, voltando ao taxista, eis que ele pára o carro e nos diz: - É aqui! Tira as nossas bagagens e aponta uma ruela que mais parecia um labirinto e faz sinal pra gente seguir. Nesse momento meu sentimento era de: Welcome to Ma HELL quexe!!

Não havia numeração nas "casas". Não é casa, é tipo casa!! E logo fomos rodiados por mini tios Ali (lembram?? Do Clone) leia-se crianças, querendo carregar nossas malas, nos levar até o nosso riad, andando atrás de nós como nossa sombra. Até que eu resolvi ceder e pedi pra um deles nos levar (eu e meu namorado) no endereço que tinha. Estávamos a duas portas do endereço e não consegui localizar, aliás passamos por eles várias vezes...bati na porta e de repente o guri se multiplicou, apareceram umas 10 crianças pedindo dinheiro pela ajuda.


Onde o taxista nos deixou

Porta de entrada do nosso riad



Riad por dentro 



A  sensação de medo tomou conta da gente e achamos que iríamos ficar os próximos 3 dias dentro do hotel, comendo e dormindo, mas tomamos coragem e resolvemos desbravar Marraquexe, tentando decorar o caminho pra não nos perdermos na volta. Aos poucos fomos vendo que realmente é seguro caminhar pelas ruas, ninguém vai te roubar, eles tem o pensamento que Alá está vendo tudo que eles fazem e que se fizerem algo errado serão castigados e também há uma lei que quem rouba eles cortam a mão (imagina essa lei aqui no Brasil??).
Sobre a comida....meu maior temor era pegar uma infecção intestinal. Higiene?? Acho que eles não conhecem essa palavra. Procurávamos os restaurantes que estavam mais lotados de turistas ou Mc Donalds. Vi coisas bizarras que embrulhavam meu estômago, como bichos (galinhas, cabeça de porco) expostos no comércio ao céu aberto sem nenhum tipo de refrigeração. Tinha um doce típico de lá que obviamente não me arrisquei - tipo um pretzel com doce de leite por cima e topping de moscas, mas muuuuuitas moscas.
 

Meu restaurante preferido em Marraquexe
 

Resolvemos nos aventurar mais, arriscando nos perdermos na Medina (cidade velha cercada por 16 km de muro). Foi uma tarefa árdua que exigiu de nós muita paciência porque  é um mundarel de gente indo e vindo de tudo que é direção . Cheguei a conclusão que cada marroquino tem um gps instalado em seu corpo, porque eles não se perdem naquele labirinto.













Injustiça falar só dos perrengues que passamos. A parte nova, fora da Medina, é limpa, moderna, muito bonita e tranquila.











Nossa passagem por  Marraquexe foi assim, contando os minutos pra ir embora. Não quero que esse post seja desanimador para quem pensa ir um dia pro Marrocos. Marraquexe pra mim foi diferente de tudo que já havia visto e vivido, uma experiência única, inclusive de algumas reflexões como a de me achar sortuda de ter nascido num país cheio das maracutaias, samba e carnaval. Mas que ainda assim temos liberdade de expressão e de escolhas.
Marraquexe é intigrante! Encantadora por sua cultura completamente diferente, pela mistura de aromas, pela praça El Fna cheia de encantadores de cobras e barraquinhas de suco de laranja, e repugnante pela falta de higiene e pela inconveniência das pessoas que trabalham no comércio que querem te empurrar as coisas e te xingam se tu não comprar nada. Sem falar nos milhares de pedintes que não te deixam curtir suas férias, mas acho  que curtir as férias em Marraquexe, é isso. É estar disposto a se perder na Medina, comer comida de procedência suspeita, dizer meio milhão de No, thanks! e beber muuuita água.






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